10 junho 2008

Criatividade e Propaganda

A palavra criatividade é polissêmica, isto é, sujeita a várias opiniões e teorias. Não existe uma concordância se a criatividade seria um aspecto distinto da inteligência ou uma faceta desta não explorada. Um dos pontos convergentes das diversas teorias diz respeito à emergência de algo novo, quer seja produto, ideias ou mesmo invenção, tanto do ponto de vista de algo original quanto de algo que surge através das diversas associações. O mais importante é que o produto ou a ideia nova atenda a uma necessidade vital.

Em termos teóricos, a criatividade pode surgir da revelação divina, da loucura, do gênio intuitivo, do associacionismo etc. Para Freud, a criatividade é originada em um conflito dentro do inconsciente (id). Mais cedo ou mais tarde, o id produz uma solução para o conflito. Para E. G. Schachtel, a criatividade seria a capacidade do indivíduo permanecer "aberto" ao mundo, sustentando a percepção alocêntrica (centrada no objeto), contra a percepção autocêntrica (centrada em si próprio). Para Arthur Koestler, todos os processos criadores seguem um padrão comum, por ele chamado de bissociação, que consiste na conexão de níveis de experiência ou sistemas de referência.

A relação entre o lado direito e o lado esquerdo do cérebro é também evocada neste estudo. Segundo Katz, as pessoas altamente criativas, ao fazerem referência a seus atos, discriminam dois aspectos: em um deles, o problema que está sendo trabalhado é percebido, de repente, sob um novo ângulo, ocorrendo uma reestruturação de velhas ideias e alcançando-se uma nova síntese. O segundo aspecto diz respeito à elaboração, confirmação e comunicação da ideia original. O primeiro caso estaria sendo processado no hemisfério direito do cérebro, que é por sua natureza intuitivo; o segundo diz respeito ao hemisfério esquerdo, que é racional e lógico.

Propaganda não é uma Arte nem uma Ciência. Ela é uma Técnica manipulativa. Seu propósito essencial, capital, não é interpretar, explicar, ou dignificar, mas persuadir, manipular. Nesse sentido, a propaganda tem muito a ver com números, cifrões, pois o que se mira é o lucro. Manipular não quer dizer enganar, nem tampouco dignificar, ou morrer de respeito por quem é manipulado. Seu propósito é apresentar um produto ou uma ideia de modo persuasivo, valendo-se para isso de todos os mecanismos da mente, principalmente aqueles descobertos por Pavlov, ou seja, os reflexos condicionados.

O marqueteiro, político ou não, não está muito preocupado se o indivíduo manipulado vai gostar ou não. Para ele, o que está em jogo é a venda da ideia ou do produto, no sentido de transformá-la em lucro. Observe o trabalho de propaganda numa campanha eleitoral. Apela-se sempre para o lado emotivo do público, prometendo-lhe o paraíso, aqui mesmo na Terra. Se proceder de outra forma, o adversário faz exatamente isso, e acaba ganhando as eleições.

Sejamos críticos quanto à propaganda. Não a desdenhemos de forma radical, nem tampouco aceitemo-la de modo passivo. Todas elas querem nos vender alguma coisa. Compremos somente aquelas que dizem respeito ao nosso modo de vida.

Fonte de Consulta

Cd Rom Universidade e Comunicação




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