26 junho 2008

Diálogo

Diálogo — do lat. dialogus — para grande parte do pensamento antigo, não é somente uma das formas pelas quais se pode exprimir o discurso filosófico, mas a sua forma própria e privilegiada, porque este discurso não é feito pelo filósofo a si mesmo e não encerra em si mesmo, mas é um conversar, um discutir, um perguntar e responder entre pessoas associadas pelo interesse comum da pesquisa.

ilha de Robinson Crusoé é o mito da autossuficiência do homem. Dá-se a impressão que o homem é anterior à sociedade, esquecendo-se de que quando vem ao mundo já a encontra. Nesse sentido, há um diálogo permanente entre as pessoas, pois no isolamento e na solidão todos fenecemos.

Toda a vida do homem é um diálogo ininterrupto. Organicamente, somos frutos do diálogo biológico dos nossos pais terrestres. O Deus cristão não é um ser isolado na sua transcendência, mas manifesta-se aos homens através das "alianças", antiga e nova. Ninguém consegue aprender sem o diálogo com o mestre. E, mesmo calados, estamos dialogando conosco mesmos.

O verdadeiro diálogo inclui crítica e oposição. São os elementos diversos e contraditórios que deverão convergir para uma síntese. Note-se o diálogo numa reunião, em que as pessoas pensam de forma diferente. A função do coordenador é ouvir atentamente cada uma delas, para depois tomar a sua decisão. Esta decisão engloba uma síntese do discutido e do não discutido, ou seja, daquilo que ficou dito nas entrelinhas dos discursos.

A comunicação aberta e dialogal é muitas vezes ambígua, tornando-se frequentemente um pseudodiálogo. Isto ocorre nas relações internacionais, em que os países ricos impõem-se pelo poder e não pela razão; nas relações sociais, em que as pessoas mais pobres estão impedidas de se fazerem ouvir, tendo de aceitar o diálogo opressor de quem os dirige; nas relações entre casais, em que o homem dita as normas e a mulher tem que obedecer.

O diálogo é necessário. Saibamos encaminhar as nossas discussões para o verdadeiro diálogo, a fim de que as críticas e as oposições tragam novas fontes de aprendizado e compreensão.

Fonte de Consulta

IDÏGORAS, J. L. Vocabulário Teológico para a América Latina. São Paulo, Edições Paulinas, 1983.


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