10 junho 2008

Diretoria Executiva e Bem Comum

Platão descreve no livro A República o estado ideal e indica as causas da decadência que fazem com que da cidade ideal possa-se gradualmente chegar à tirania, isto é, à pior das formas de governo. Aristóteles começa por afirmar que o homem é um animal naturalmente social. Segundo ele, os dons que a natureza deu aos indivíduos só podem desabrochar através do contato social.

A palavra República vem do latim res (coisa) publica (pública). Quando nos referimos à república queremos dizer “tomar conta da coisa pública”. Tomar conta da coisa pública é o objetivo central da política com P maiúsculo, pois seu fim último é atingir o bem comum. Santo Tomás de Aquino, na sua Suma Teológica, escreve: “Finis politica est urbanum bonum” (o fim da política é o bem comum). Mas o que se entende por bem comum? Quem melhor o definiu foi o Papa João XXIII, nos seguintes dizeres: “O Bem comum consiste no conjunto de todas as condições da vida social que consintam e favoreçam o desenvolvimento integral da personalidade humana”.

Qual é o objetivo central da composição de uma Diretoria Executiva? Qual é a função de cada um de seus membros? Presidente? Vice-presidente? Secretário? Tesoureiro? Conselheiro fiscal? E os demais colaboradores? Não é a obtenção do bem comum?

A obtenção do bem comum, através da Diretoria Executiva, depende da responsabilidade de cada um de seus membros. Há um ditado que diz: “Ninguém tem o monopólio da verdade, nem a exclusividade do erro”. Na formação de uma Diretoria Executiva, cada um de seus membros tem uma cota de responsabilidade. Acontece que não se delega responsabilidade; a pessoa é que deve se sentir responsável pelas suas tarefas. Tenhamos em mente o encargo e não simplesmente o cargo.

De acordo com o seu Estatuto, o Centro Espírita Ismael é uma organização religiosa, filantrópica e cultural. Cabe-lhe a tarefa de estudar, praticar e difundir os princípios doutrinários, codificados por Allan Kardec. Para tanto, deve criar cursos especializados, congregar jovens, promover sessões de intercâmbio com o mundo espiritual, organizar e manter biblioteca e livraria de obras espíritas e espiritualistas etc.

Martha Mendonça, em recente artigo na revista Época (n.º 424 – 01/07/2006), cujo título de capa é "O Novo Espiritismo", relata que, segundo dados oficiais, há aproximadamente 20 milhões de espíritas no Brasil. Diz, ainda, que o Brasil é um exportador de conhecimentos espíritas, principalmente através de Divaldo Pereira Franco e Raul Teixeira, por suas palestras no exterior, particularmente nos Estados Unidos. Esta cifra mostra que a frequência de novos adeptos, nos Centros Espíritas, deverá necessariamente aumentar.

À Diretoria Executiva cabe prever e procurar atender a esse aumento de demanda. Por isso, há uma responsabilidade conjunta entre frequentadores, colaboradores e membros da Diretoria Executiva. É esse conjunto que forma a imagem não só do Centro Espírita como também do Movimento Espírita.

Essa imagem não é tangível, contudo permanece no subconsciente de cada frequentador e é transmitida de pessoa para pessoa. Suponha que alguém vá a um Centro Espírita e seja mal atendido. Ele guardará na memória, mesmo que de forma inconsciente, essa má impressão e, poderá, ao se encontrar com outra pessoa, expressá-la publicamente. Diz-se que má notícia é contada para 20 pessoas; a boa, somente para 5. É conveniente, para o bom êxito da organização, que o frequentador saia sempre com uma boa impressão.

Quer sejamos membros da Diretoria Executiva ou simples colaboradores, esforcemo-nos em prover o melhor atendimento ao público. Somente assim seremos capazes de projetar, no espaço e no tempo, a melhor imagem do Centro e do Espiritismo.

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