10 junho 2008

Exercitando a Escrita

O mundo atual é caracterizado pela mentalidade da notícia. Há informações e mais informações para serem inseridas em nosso banco de dados. Para tanto, o nosso cérebro deve ser intensivamente estimulado, a fim de poder suportar essa avalanche de pensamentos que nos chega a todo o momento. O registro e a manutenção de ideias são um fato real. A cada instante precisamos recorrer ao nosso passivo intelectual, no sentido de utilizar os dados armazenados em nossa memória.

Ao escrever aquilo que nos vem à mente, estamos aprendendo a observar e a pensar. Na realidade, não somos nós que produzimos os pensamentos; eles é que nos visitam. Colocando-os no papel, tomamos consciência dos mesmos. Além disso, o ato de escrever torna-nos conscientes da facilidade ou da dificuldade que temos para exprimi-los. Exercitando a escrita, vemos o quanto estamos distantes daquilo que pensamos. Ou seja, nem sempre encontramos as palavras corretas para expressar o nosso discurso mental.

Usar a palavra correta para exprimir o pensamento correto demanda trabalho. A maioria de nós escreve sem ter a dimensão exata de como uma palavra ou uma frase ecoa na cabeça daquele que a lê. Para que possamos bem expressar aquilo que pensamos, devemos escolher as palavras adequadas, esforçando-nos em procurar no dicionário toda palavra dúbia ou de sentido desconhecido. Lembremo-nos também de que a simplicidade, a clareza, a concisão e a objetividade são os pontos centrais em nossa comunicação, escrita ou falada.

Todos podemos e devemos escrever, mas os cientistas com muito mais razão, porque precisam veicular suas descobertas, o resultado de suas pesquisas. Por isso, o cuidado e a preocupação constante com a forma de nos expressarmos. Aí está inclusa a nossa personalidade. Um relatório, um recibo, uma carta mostra o que cada um é. Para que alguém nos conheça basta ler o que escrevemos. A soma de coisas pequeninas forma o conjunto do indivíduo. Cuidemos de que haja perfeição em cada um dos nossos atos, mesmo que os estejamos fazendo contrariados.

Devemos estar de atalaia; a cada dia que passa muitas coisas vão para o esquecimento. Urge, vez ou outra, consultar livros que tratam dessa matéria, ou seja, de como escrever melhor, com o intuito de estarmos sempre sendo lembrados desta nobre tarefa, que é de veicular as nossas pesquisas e os nossos insights para todos aqueles que fazem parte de nosso raio de ação. A palavra é o câmbio de nossa personalidade. Usemo-la a peso de ouro, se assim quisermos ser avaliados.

O discurso é a mensagem do coração. Saibamos colocá-lo com precisão, ou seja, onde houver necessidade de uma palavra, não usemos duas, onde houver necessidade de uma palavra curta não usemos uma comprida.

Fonte de Consulta

BARRASS, Robert. Os Cientistas Precisam Escrever: Guia de Redação para Cientistas, Engenheiros e Estudantes. Tradução por Leila Novaes e Leônidas Hegenberg. São Paulo: T. A. Queiros: Edusp, 1979.

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